sexta-feira, 29 de outubro de 2010

David Allan Coe - Penitentiary Blues (1969)

Aqui está outro disco do D.A.C, mas dessa vez é um albúm solo e o primeiro de sua longa carreira
Em Penitentiary Blues, o músico de outlaw country se revela, na verdade, um músico de blues. Foi após esse albúm que ele começou a puxar suas músicas e composições para o country, apesar de suas letras sempre terem a mesma estrutura.
Tendo lançado dezenas de albúns ao longo da vida, o cantor sempre compõe com bastante humor e sempre ligando ele a coisas "fora-da-lei", daí o nome outlaw country (obviamente).

Bom, mas pra começar a falar desse albúm de blues que é de uma lenda viva do country/blues, eu digo que não há muito o que dizer sobre esse albúm, não é um albúm que marcou muitas vidas, salvou relacionamentos, inspirou pessoas ou vendeu zilhões de cópias. Esse disco é simplesmente uma modesta gravação de blues, sem nada de muito especial ou super foda.
E é isso mesmo o que faz diferença, pelo menos nesse blog..
David Allan Coe deixou uma esse LP com um jeito tão simples e cool, como se ele quisesse simplesmente gravar o seu blues sem mais nada pra atrapalhar, como se estivesse querendo se livrar de seus demônios ou apenas falar o que sentia ou gostava através da música. Sim, isso é uma coisa que todos os músicos fazem..mas acho que a maioria se esquece que muitas vezes o que é simples é tão bom quanto o que é cheio de firulas e nunca dão o merecido valor a discos e artistas como David Allan Coe.

Nessa gravação que foi feita entre 1968/1969, podemos ver não apenas o blues seco, puro com o qual devem estar imaginando, em músicas como "Penitentiary blues" podemos ouvir um blues daquele tipo os de salloon, com pianos de fundo e guitarras calmas mas com muito sentimento. Em "Cell 33"  temos um blues que lembra muito aquele blues inglês dos anos 60, de bandas novas que surgiram na época..a mistura do pop com o blues.
"Monkey David Wine" é um blues típico, com uma gaita continua no fundo e um slide que vai acompanhando a voz agitada de D.A.C.
Em "Walkin' Bum" temos um som que me lembra um pouco Little Walter e Muddy Waters, a voz de Coe cantando e a gaita plugada num amplificador valvulado que faz até uns solinhos mais longos durante a música, apesar de ser simples a gaita, como eu falei...o que é simples é tão bom quanto as firulas. hahahaha
Não vou ficar aqui falando quais são os músicos que tocam com D.A.C nesse albúm, porque são vários..só de guitarristas e gaitistas nós temos seis, ainda com baterista, pianista, baixista e David nos vocais.
Em "One Way Ticket To Nowhere" temos uma introdução puxada pelo baixo e seguida pela gaita que com toda certeza tem uma influência de Sonny Boy Williamson. A voz e a guitarra entram juntas e você agradece a alguma força superior pela existência dos amplificadores valvulados e se pergunta "por que hoje em dia eles são tão caros e impossíveis de se achar?!" hahahahaha
A letra de "Funeral Parlor Blues" me lembra MUITO  a de "St. James Infirmary", música famosíssima estadunidense que ficou conhecida por todos na voz de Louis Armstrong, a música lembra bastante essa interpretada por Armstrong, tirando as referências à cocaína no meio da letra! A música tem uma ar muito familiar, daqueles blues bem clichês..mas depois ela segue bem diferente e os teclados prevalecem nela.
"Death Row" é tão inspirada em Muddy Waters que só faltou o próprio fazer uma participação no meio, solando com seu slide. Uma música que tem um solo de guitarra muito agradável e simples, como se tivesse sido tocado com uma guitarra de marca bem inferior, apesar da qualidade do guitarrista ser bem elevada.
Pra falar a verdade acho que todos os instrumentos desse disco não deviam lá ser Fender ou Gibson, me parece que todos os músicos deviam estar na pior e nem tinham coisa de qualidade pra fazer música, mas fizeram bem como ninguém.
"Oh Warden" é uma canção pra se ouvir quando se está na pior , e isso acho que dá pra ficar claro logo no começo, quando o slide puxa a voz de Allan Coe, uma gravação muito singela e reconfortante, com bateria e uma guitarra base fazendo a base mais simples de blues que se pode imaginar e só os vocais, gaita e slide guitar se ressaltando, outro blues típico perfeito para se ouvir quando se está na merda.
em "Age 21" temos uma harmonica bem acentuada e novamente se intercalando com a voz de David enquanto guitarra, baixo e bateria fazem uma base muito modesta..
"Little David" segue um estilo parecido com o de suas antecedentes, um blues com bastante gaita e a completa ausência do country pelo qual o músico ficou conhecido nos EUA.
E para terminar esse albúm, o músico toca outro blues pra lá de modesto em "Conjer Man", mas com uma gaita cheia de feeling para o deleite de nossos ouvidos.
O que eu poderia dizer desse disco que fiz questão de não criar nenhuma expectativa em alguém que esperava um super disco?
Que é o tipo de disco perfeito para você ouvir quando está se sentindo mal por alguma coisa..mas também é perfeitamente aceitável ouvi-lo quando se está incrivelmente feliz com algo.
Com seu blues modesto e calmo, esse albúm de David Allan Coe te anima até quando você achava impossível isso acontecer em algum momento e também te acalma quando você acha que tudo vai desmoronar em cima da sua cabeça. Talvez seja esse o segredo das coisas simples nos agradarem tanto, não precisamos pensar ou prestar muita atenção nos detalhes pra saber quão maravilhosas elas são.


Download do disco

Abraços obesos!!

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